Descida profunda. 15 metros, 20 metros, 30 metros, 35 metros. Era como se as montanhas do Colorado estivessem debaixo de água. Penhascos e ravinas, barrancos e vales. Peixes e plantas que Eloise nunca vira; os peixes que reconhecia eram enormes, atrevidos. Fez pontaria a uma garoupa-do-golfo, falhou, fez novamente pontaria e deu-lhe um tiro certeiro. Era tão grande que Juan a ajudou a carregá-la para a sua corda de pesca; a fricção da corda queimava-lhe os dedos. À sua volta, disparos e transporte de peixes em frenesi.
Loras, pargos, charuteiros-catarinos.
Sangre. Acertou numa merluza-negra e noutra garoupa-do-golfo, contente por não ter visto César, por estar por sua conta. Depois ficou assustada, mas viu-o muito ao longe e voou rapidamente na sua direcção através dos penhascos serrilhados. Ele deu às barbatanas, esperando por ela no escuro, e depois puxou-a para si. Abraçaram-se, com os reguladores a entrechocarem. Ela apercebeu-se nessa altura de que o pénis dele estava dentro dela; entrelaçou as pernas à volta dele enquanto giravam e ondulavam no mar escuro. Quando saiu de dentro dela, o seu esperma começou a vogar para cima, como se fosse uma pálida tinta de polvo.
Quando, mais tarde, Eloise pensou nisto, não foi como se recordasse uma pessoa ou um acto sexual, mas como se tivesse sido uma ocorrência da Natureza, um pequeno tremor de terra, uma rabanada de vento num dia de Verão.
Lucia Berlin, Manual para mulheres de limpeza
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