Na sofreguidão dela havia algo como se ela tivesse medo que o mundo acabasse. Havia nela algo terrivelmente patético e simultaneamente animalesco e repugnante. Foi assim que eu a vi. Na realidade ela era uma dona de casa num vestido de renda azul comendo sopa. Mas se eu conseguisse entender tudo aquilo que eu sentia que ela era, quando a observei desse jeito, então havia de entender muito acerca da minha mãe. Aquele medo de que lhe viesse a faltar algo na vida, e, devido ao medo, tudo acaba mesmo por faltar. Não consegue acompanhar a realidade.
Etty Hilesum, Diário 1941-1943
Sem comentários:
Enviar um comentário