às quais emprestamos destino, nós na margem do destino a passar —
mas quem sabe! Quando elas lamentam seu murchar,
pertence-nos a nós ser seu lamento!
Tudo quer pairar. Circulamos pesados,
sobre as coisas nos colocamos, com os pesos encantados;
oh que mestres devoradores somos para as coisas sem ânsia,
porque são capazes de uma infinita infância.
Se alguém as levasse ao íntimo do sono e lá dormisse
a fundo com as coisas —: oh, como leve acordaria,
diferente para um dia diferente, saído do fundo comum e dormente.
Ou talvez nesse lugar ficasse, talvez tudo florisse
exaltando o convertido, que agora com elas se parecia,
das irmãs do silêncio no vento da planície verdejante.
Rilke, Os Sonetos a Orfeu, trad. Maria Teresa Dias Furtado
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