Músculo de flor que à anémona abriu
manhãs de prado, gradualmente,
até que no seu colo a polifónica luz floriu
dos céus sonoros caindo levemente,
na silente flor-estrela, o músculo em tensão
do acolhimento ilimitado, sem prazo,
por vezes tão repleto de plenitude e atenção
que o sinal de descanso do ocaso
mal pode devolver-te as retraídas
orlas da corola vividas:
tu, que és decisão e vigor de tantos mundos!
Nós, violentos, duraremos mais tempo, profundos.
Mas quando, em qual de todas as vidas,
somos nós finalmente abertos e receptivos, fecundos?
Rilke, Os sonetos a Orfeu, trad. Maria Teresa Dias Furtado
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