em que uma coisa te escapa, que com metamorfose ostenta;
aquele espírito das formas que domina o que é terreno e inventa,
ao lançar a figura, não quer outra coisa senão ser o ponto de viragem e ama.
O que no permanecer se fecha, é já pedra, não encanta;
será que se sente seguro, protegido pelo inaparente cinzento?
Espera, algo mais duro adverte à distância o que é duro de momento.
Ai —: um martelo ausente se levanta!
Conhece o conhecer quem jorra como fonte iluminada;
e ela condu-lo encantada pela criação feita de alegria,
que muitas vezes no início acaba e no fim começa cada dia.
Todo o espaço feliz é filho ou neto do que foi separado,
que com espanto atravessam. E a Dafne transformada
sentindo-se loureiro, quer-te em vento mudado.
Rilke, Sonetos a Orfeu, trad. Maria Teresa Dias Furtado
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