6.6.24

Se todos eu não

«No seu magnífico castelo mandado edificar perto da antiga capital do reino dos francos, a divisa dos Clermont estava esculpida por cima de cada janela e do frontão de todas as portas: Si omnes ego non. Se todos eu não. Se todos estão ali sem excepção, pelo menos eu serei a excepção. A família filia os rostos. A sociedade sujeita os sujeitos. O volume da «coisa de todos» (res publica) incrementa com a publicação e a normalização de todas as coisas «privadas» (res privata): educação, consciência, saber, doença, vida conjugal, velhice, morte. Incluso o feto é fotografado in utero. É a vigilância de todos no interior de cada um. Omnis domine Ego.»

(Quignard, A barca silenciosa)

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