Willy Römer, Berlim, 11 de janeiro de 1919. Barricadas feitas de bobinas e pacotes de papel de jornal na Schützstrasse, em frente à sede da editora Mosse, 1919.
O combate é, evidentemente, muito desigual. Embora possamos contar sete ou oito armas nas mãos dos insurgentes, a imagem de Römer revela algo essencial à fenomenologia deste levantamento, a saber, a sua potência — de determinação, ainda que até ao desespero — e a sua impotência ao mesmo tempo. Porque as barricadas que protegem estes combatentes são simples barricadas de papel: rolos tirados da tipografia, maços de jornais tomados dos armazéns, enquanto uma desordem de folhas desgarradas suja o solo. Embora, fisicamente falando, o papel empacado apresente uma certa resistência às balas inimigas, esta imagem diz-nos sem dúvida muito, e de uma forma comovente, sobre os meios e as limitações de um levantamento como o de Berlim desse 11 de janeiro de 1919.
Georges Didi-Huberman, Imaginar recomeçar
Sem comentários:
Enviar um comentário