Francis Alys, Children's Game #23
Tudo é um limite, nada passa além daí. A partir daí o choque eléctrico e uma pele adormecida para sempre como superfície irreal. O medo de não cair como o estar vivo que a criança reinventa como um jogo, no espaço em que cada milímetro tem uma função. Jogar e actuar sempre sem mestre
sem dia seguinte, não era o dia seguinte de uma ausência nunca
resolvida. Mas não era ainda isso o
que as ruas prometiam
só o amor de ser mais alto do que os
dias enquanto tudo chamava com todo o entusiasmo
ainda não era preciso reparar tanta distância quanto ao facto de se estar vivo:
uma corrente que via os limites não a inércia
definitiva em que um dedo se supõe
tão perto da morte do amor que se mata
que não do amor que mata (Cesariny):
o mundo era um efeito já muito dito de aparições sucessivas
era um começo em cada desvio
e um quadrado só podia ser mesquinho
tão invisível não como a mosca dependurada na beira de um ralo
aí era como se tudo acabasse numa infâmia
a ausência de ponto de vista que significaria
não chegar mais a nenhum lugar quando as linhas mais abstractas e duras
ainda não tinham devorado a atenção
o salto acompanhava uma atenção cantante
como eles agora só os que vêm exaustos de esperança
e o exterior é uma colecção sonâmbula de horas
«merecemos os nossos passos de bichos de dilúvio»
com o delírio muito dentro muito fundo de todos os que estão fora do azul
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