23.9.18

17 anos

Canção da torre mais alta


De ócios jovem presa
A tudo rendida,
Por delicadeza
Perdi minha vida.
Ah que o tempo avance
Que encanta os amantes.

Eu disse-me: esquece,
Não sejas ninguém.
E deixa a promessa
De mais altos bens.
Que nada te frustre
O retiro augusto.

Ó viuvezes várias
Da pobre alma agora
Que só tem a imagem
De Nossa Senhora:
Rezar dever-se-ia
À Virgem Maria?

Esperei tão paciente
Que para sempre esqueci.
Medo e sofrimento
No céu os perdi.
E uma sede langue
Escurece o meu sangue.

Tal a pradaria
Que o olvido vence,
Crescida e florida
De joios e de incenso,
Ao zoar furibundo
Das moscas imundas.

De ócios jovem presa
A tudo rendida,
Por delicadeza
Perdi minha vida.
Ah que o tempo avance
Que encanta os amantes.

Rimbaud, Obra completa

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