16.7.24

Compreender o potro que morde o freio

Ouviu a ameaça do trovão e compreendeu o potro que morde o freio. Não abrandou o esforço para distinguir bem e mal, audácia e arrogância. Do lugar onde as vozes não eram audíveis retirava a energia dos números e das letras — a memória. Colocava-a no seu campo, o dos mortais, onde o desafio é um passo vital — encarar a morte sem terror. E das espadas surgiam asas, anunciações indeterminadas, a esperança. Um encolher de ombros e um sorriso, porque tudo podia ser de outra maneira.

Silvina Rodrigues Lopes, Sobretudo as vozes

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