27.5.20

A margem: a cidade

A METROPOLIZAÇÃO que, por conseguinte, devemos recear para o século que aí vem, é menos a da concentração das populações nesta ou naquela ‘rede de cidades’, mas a hiper-concentração da cidade-mundo, cidade das cidades, que é virtual, onde cada cidade real não passaria de um bairro, uma espécie de periferia OMNIPOLITANA cujo centro não estaria em lado algum e a circunferência estaria por todo o lado, decompondo-se a sociedade de amanhã em duas categorias antagónicas: os que viverão ao ritmo do tempo real da cidade mundial, na comunidade virtual dos abastados, e os que sobreviverão nas margens do espaço real das cidades locais, mais abandonados do que aqueles que hoje vivem nas zonas suburbanas do Terceiro Mundo.

Paul Virilio, A velocidade da libertação [1995]

Sem comentários:

Enviar um comentário