28.5.18

A literatura e os ossos, de novo

Pois, claro, a vida, a literatura, como se as coisas se separassem assim facilmente. A vida como inércia de quem julga ter feito a viagem, o fim de todos os lugares, como de todas as decisões. Mas em tudo o que calunia a vida não pode estar a vida. Porque se vamos para algum lado é porque notamos alguma imperfeição no lugar donde saímos. O dever de estar aí para se provar perante todos que somos portadores de bons sentimentos, que não tenham dúvidas. É importante alimentar a alma, como se alimentam as plantas. E nisso, o como viver, para que lugar ir, o que fazer, são essenciais. Porque sorrir em certas manhãs a certas pessoas pode não ser mais do que uma delicadeza violenta. Enquanto isso, sacrifica-se o desejo, o que não quer outra coisa senão continuar, não quer honras nem reconhecimentos. Na viagem, que não é senão interpretação, não podemos deixar de levar os ossos, porque não podemos deixar de viajar de novo. Uma lástima, sem dúvida, mas quem acredita ingenuamente em utopias, no fim da dor, no fim do movimento?


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