17.3.18

Para o novo ano [in media res]

Ainda vivo, ainda penso: é ainda necessário que eu viva, porque é ainda necessário que eu pense. Sum ergo cogito: cogito, ergo sum. Hoje todos se permitem exprimir os seus desejos, o seu mais caro pensamento: vou, portanto, dizer, eu também, o que mais desejo hoje e qual foi o primeiro pensamento que desejei realizar este ano; vou dizer qual é o pensamento que deve tornar-se a razão, a garantia e a doçura de toda a minha vida! É aprender cada vez mais a ver o belo na necessidade das coisas: é assim que serei sempre daqueles que tornam as coisas belas. Amor fati: seja esse de agora em diante o meu amor. Não quero fazer a guerra ao feio. Não quero acusar, nem mesmo os acusadores. Desviarei o meu olhar, será essa, de ora em diante, a minha única negação! E, numa palavra em grosso, não quero, a partir de hoje, ser outra coisa senão um afirmador.

Nietzsche, A gaia ciência

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