16.8.25

Dar mortos pela liberdade

«Morrer a ocidente.» Maria achava que nem isso. Morria-se mas era sem bússola, sem convicção — para aí, sim.
Morte por resignação e por arteirice do a mim não me enganas tu e do salve-se quem puder, pois em matéria de arriscar o Zé Povinho era todo manguitos. Revoluções poucas e só com dois ou três mortos para ilustrar. A Maria sabia, a Maria tinha feito contas. Ou antes, a Alexandra. A Alexandra é que apurara que em oito séculos de História o Zé Povinho do olho vivo tinha dado menos mortos pela liberdade do que uma pequena república da América Latina com cem anos de existência. E tudo porque nós cá por casa somos da arma do manguito, morrer, sim, mas devagar e cada qual na sua enxergazinha ainda que bem podrida.

José Cardoso Pires, Alexandra Alpha

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