20.2.23

Sem esperança de intimidade

Quando saem da casa comum, do espaço de mundo interior da velha Europa, parecem indivíduos que se desprenderam como projéteis de todos os dispositivos fixadores de antes, com o fim de mover-se numa não-proximidade e não-esfera geral, num mundo exterior, liso e indiferente, de recursos, que se dirige só por ordens e apetites e se mantém em forma por uma crueldade-fitness.

Peter Sloterdijk, Esferas II

“(...) porque estes mesmos homens, que, entre os seus iguais, se contêm severamente nos limites dos costumes, do respeito, da gratidão pela vigilância mútua, por inveja inter pares, e que, nas suas relações, se mostram tão engenhosos, tão senhoris, tão delicados, tão fiéis, tão cavalheirescos e tão bons amigos, quando saem do seu círculo, onde começa o estranho, não são melhores que feras em liberdade, e, sem prisões sociais, aproveitam-se até da tensão que lhes deu a longa reclusão e o encerramento na paz da sociedade, e voltam para a incoerência da consciência de animais selvagens (...)”

Friedrich Nietzsche, A genealogia da moral

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