Em 1842, em Bruxelas, na rua Isabelle, quando ensinava no internato Héger, Emily Brontë nunca levantou os olhos para os outros professores. Só apareceu uma vez na sala que lhes era reservada; a crise de ansiedade que se apoderou dela foi de tal ordem que não voltou a pôr lá os pés. Se fosse observada com atenção enquanto comia na mesa do refeitório, escondia a cabeça com vergonha, presa de um terrível temor, quando, em Inglaterra, em Yorkshire, não tinha medo de nada. Quando, abandonada a si mesma, percorria os páramos em companhia do seu cão e do seu açor; quando encontrava vagabundos e se cruzava com loucos. Nunca se atreveu a dirigir a palavra aos colegas se, nos corredores, desse de caras com eles, nem quando se metiam com ela durante uma discussão; Emily baixava rapidamente a cabeça. Além disso, nunca olhava os estudantes a quem ensinava literatura inglesa e música.
Pascal Quignard
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