Orgulho e escárnio: a indiferença aos leitores, aos maus leitores, aos perseguidores, aos correctores. Orgulho e escárnio: armas de guerra. Humildade, fonte e regra, sem ela a coisa foge, escapa ao poeta. Como diz Clarice Lispector “Humildade como técnica é o seguinte; só se aproximando com humildade da coisa é que ela não escapa totalmente” (A Descoberta do Mundo). A audácia está ligada à humildade e à reverência: “enriquecer com a sua própria plenitude” (Nietzsche, O Crepúsculo dos Ídolos). A um tempo, pobreza e esbanjamento. Já para instinto e estudo temos, por um lado, a embriaguez, a incapacidade em não reagir, a animalidade como um estar fora de si; por outro, o deter-se, refrear-se, resistir à tentação de reagir, inseparável do acto de idealizar como “um formidável acto de erosão”.
Maria Filomena Molder, Dia alegre, dia pensante, dias fatais
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