26.7.18

Cegueira e pavor


Digamos que és cego, isto é, és mortal; é que mesmo o momento só te é dado viver, nunca compreender. Abrupto e inexperiente porque não vês o que se congemina noutro lugar e, por isso, racionalmente, procuras ou reclamas. E tornas-te ríspido devido ao pavor de errar — e quando muito se pode resolver na estupidez que avança, na aceitação da cegueira e de que, de facto, não tens certezas quanto ao como deves viver. Cruzas-te com o acaso e trava-lo, porque te achas sábio e, com arrogância, maior do que o teu destino. Mas talvez nem tudo deva ser tão feroz, pensas, com a insolência prévia à próxima interrupção.

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