As avós caminham com aquele pensamento femininamente feroz do pão. Não se recolhem, avançam determinadas publicamente pela honra adentro, quando sentem ameaçadas as bases da vida. Os homens retraem-se numa verticalidade hierática. São subtis e delicados. São monumentais, os homens, defronte do caos. As avós fazem mundo verdadeiramente: a câmara vai acompanhando-as, às vezes de forma titubeante. Segue-as com pressa, em ombros, por sinuosos caminhos. Deslocam-se as avós na certeza da sua vocação amorosa, derreiam tudo com o seu silêncio audaz, aguentam com excruciante paciência todas as delongas, todo o ressentimento burocrático. Avançam com o furor maligno da justiça. Seguem essa unidade com uma intuição astuta. Predestinada justiça a da força tranquila. Certeza não fremente. O amor acontece contra todos. Ajeitam a roupa da cama, cozinham, agarram os netos pela mão pelo mundo. Não sorriem, são inesgotáveis, a sua força é para além disso. Devoradores blocos compactos de idade.
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