14.2.13

Amor, prazer, diferenças de geração


Isabelle não apreciava o prazer, mas Esther não gostava do amor, não queria apaixonar-se, rejeitava este sentimento de exclusividade, de dependência, e toda a sua geração o recusava igualmente. Deambulei entre eles como uma espécie de monstro pré-histórico com as minhas imbecilidades românticas, os meus apegos, as minhas ligações. Para Esther, como para todas as jovens da sua geração, a sexualidade não passava de um divertimento agradável, guiado pela sedução e pelo erotismo, que não implicava nenhum compromisso sentimental especial; o amor nunca fora com certeza mais, como a compaixão para Nietzsche, do que uma ficção inventada pelos fracos para culpabilizar os fortes, para introduzir limitações à sua liberdade e à sua ferocidade naturais.  

Michel Houellebecq, A possibilidade de uma ilha