21.1.13

Não sei quem, nem em que lugar


Não me interessa muito destacar a suavidade com que a câmara de Tarr se move, nem a predileção paciente pelo plano-sequência, tão-pouco a forma encantadora como a câmara se detém em detalhes aparentemente prosaicos, dizendo da futilidade de toda a plot, cuja linearidade se supõe, ela sim, prosaica. Apenas me apetece, em face de sequências como estas duas, congratular-me pela bela finitude que é a nossa, capaz, talvez porque ela existe, de criar instantes em que cintila algo que não parece nosso, que é estranho por demais denso, dessa densidade que nos falta e que tantas vezes esperamos. Dentro do Ser, porventura, como o animal.