Não me interessa muito destacar a
suavidade com que a câmara de Tarr se move, nem a predileção paciente
pelo plano-sequência, tão-pouco a forma encantadora como a câmara se
detém em detalhes aparentemente prosaicos, dizendo da futilidade de toda
a plot, cuja linearidade se supõe, ela sim, prosaica. Apenas me
apetece, em face de sequências como estas duas, congratular-me pela bela
finitude que é a nossa, capaz, talvez porque ela existe, de criar
instantes em que cintila algo que não parece nosso, que é estranho por
demais denso, dessa densidade que nos falta e que tantas vezes
esperamos. Dentro do Ser, porventura, como o animal.