30.6.12

Incerto valor ao mortal


Parece que, às vezes, nem um certo valor ao humano é possível dar. 

O um é constituído por multiplicidades, e não só biológicas. Nem há um propriamente, como a crónica de hoje de Ferreira Fernandes, que transcrevo, ilustra. A situação na Hungria é realmente preocupante.

Não deixo de achar inesperado de cada vez que emerge a estupidez humana, apesar de a saber criativa em suas manifestações. Outras vezes, como aqui, a estupidez nem abalar se deixa por um século XX bem educativo.


«O eurodeputado húngaro Csanad Szegedi teve o seu momento de fama em 2009, quando apareceu no Parlamento de Estrasburgo com o uniforme de uma milícia de extrema-direita. Desde aí, lá tirou as botas e a camisa paramilitares, mas continuou vestido com as suas ideias antissemitas. Nada demasiado invulgar numa Hungria recentemente abalada pelo escândalo de um laboratório oficial que passa testes de "pureza racial", certificando que "não se encontram vestígios de antepassados judeus" aos cidadãos preocupados com estas coisas. Eis justamente do que não se pode livrar o nosso eurodeputado Szegedi: acabou de saber, disse-o numa entrevista esta semana, que a sua avó Magoldna Klein era judia e sobrevivente do Holocausto... Generoso, o presidente do Jobbik, o partido que elegeu o infausto eurodeputado, já declarou que ele guardará o seu lugar. Mas o percalço ancestral de Szegedi faz lembrar o Nobel americano James Watson, um dos pais do ADN. Em 2007, numa entrevista no britânico Sunday Times, disse que os negros eram menos inteligentes. Meses depois, recorrendo ao ADN descoberto por Watson, o jornal publicou um teste que revelava que o cientista tinha 16 por cento de genes de antepassados negros... Como diria o outro, isto (e isto, aqui, são os homens) anda tudo ligado. Felizmente para eles, para não acabarem como George, o Solitário, tartaruga dos Galápagos, que por não saber nem poder ligar-se acabou com a sua espécie esta semana.»


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