26.6.11

Memória

Há uns dias uma amiga contava-me que noite é muito semelhante em várias línguas: noc (polaco), night (inglês), nuit (francês), Nacht (alemão), noche (castelhano), notte (italiano). Achei muito interessante a observação. E a ela ocorreu-lhe contá-lo porque um amigo polaco disse a palavra na sua língua materna. Ontem lembrei-me disto e de outras coisas com isto relacionáveis. Como o facto de eu já o saber antes de ela mo ter contado e também o ter sido eu a contá-lo a ela. A minha memória estendeu-se assim à memória de outros. Fico feliz por saber que ela se prolonga para além de discos rígidos, discos externos, pen drives, CD, fotografia. E constato algo evidente: a memória é uma reconstrução permanente (que não prescinde de erros e de más interpretações de factos - se é que os dois últimos não são sinónimos, como o diria Nietzsche). Para além disto, reconheço que o que digo, embora muitas vezes não me pareça, é ouvido e armazenado por outros, voluntária ou involuntariamente. Recordei, por fim, que todos os termos provêm da mesma palavra latina, nox, noctis.





















Helena Pogreb Carter

Sem comentários:

Enviar um comentário