11.5.10

Jukebox


Apesar de neste momento as desordens naturais estarem na ordem do dia (não interessa se a sensibilidade é induzida pela comunicação social, ou se não existe, simplesmente), ouço com deleite o álbum de Adriana Calcanhotto, Maré. Ainda há poetas e intérpretes com o condão de criar canções. Persiste a ideias de um exterior que nos devia absorver; este meu prazer, com o seu quê de narcísico, parece criminoso. Se é criminoso ouvir, também o seria produzir uma obra em que o belo é cultivado com «dolcezza». Os sons das palavras, pronunciados com uma ternura envolvente, levam-nos para algum lugar onde o desejo parece não estar barrado. Podemos imaginar fantasias dos outros, ou cantar o nosso desejo de não havermos de lidar com um «ou». É a escolha mais idílica: jogar sem escolher.

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