Suheir Hammad disse-me a dor esse professor.
Eu respondi a dor esse ladrão.
Ensinou-me a desejar ser um macaco
a catar piolhos na cabeça do meu irmão
em vez disto aqui smokings e conversa.
Desfaço-me em desculpas,
arrependido em geral.
A culpa é muitas vezes minha
por ter uma dúzia de cavalos mortos sob a cama,
poemas cheios de remorsos para os analfabetos em remorsos.
Isto não é sequer uma metáfora
nem sequer uma facada nem uma pedra.
Os meus amigos dizem-me que preciso de falar,
explicando o assassino ao assassinado — Doutor,
e se eu lhe dissesse que desconfio
da civilização e dos civilizados,
que prefiro catar piolhos na cabeça do meu irmão
a catar a sanidade na minha?
A dor esse professor, e a vergonha uma bússola.
Sinto-me frequentemente comovido sem me mover.
Preferia arrancar a maçã
da minha própria garganta Quero
arrancar a maçã
da minha própria garganta. Quero a minha voz
sem voz. Ponham jóias nas minhas órbitas
e fingirei que consigo ver.
O inglês considera o sentimentalismo piroso,
raramente deixa as sirenes respirar,
e eu insisto neste oxigénio.
Só posso descrever esta culpa
com comparações que a invalidariam.
Já não quero usar a linguagem, já não
quero usar a língua.
Nos últimos anos encarei os aeroportos
como casas funerárias —
levando a bordo os meus cavalos mortos
novas cidades novos drones.
Gostava de ser um proprietário
dos inquilinos na minha cabeça. Gostava de poder
chular a minha dor e endurecer.
A dor esse professor e eu nunca aprendo.
Mohammed El-Kurd, Rifqa

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