Asta Gröting (nascida em Herford, Alemanha, em 1961) é uma artista contemporânea que, no início do seu percurso, trabalhava com o silicone como material de escultura. Depois avançou para a imagem e para o vídeo.
Nas esculturas com silicone, o que ela queria, muitas vezes, era “trazer o invisível à superfície” ou “permitir que a ausência falasse”.
Uma das obras com mais impacto foi uma escultura do espaço de intervalo que existia entre duas pessoas que faziam amor. Nessa obra, chamada precisamente “Espaço entre Amantes”, ela “materializou um momento físico íntimo” de uma forma naturalista, sem qualquer pudor. Dois actores “estavam cobertos de silicone enquanto faziam sexo. Desta forma, o espaço intermédio”, o que ficou à volta ou entre os corpos, “foi visualizado esculturalmente” por via da forma, em silicone, que ficou no final do processo amoroso.
Uma espécie de investigação cínica feita através da escultura. A atenção dada a esse espaço mínimo que, apesar de tudo, ainda existe, até na situação mais íntima. Esse intervalo entre dois corpos, esse vazio ficou depois como escultura em silicone e ali permaneceu materializado e exposto, mostrando como dois corpos serão sempre dois, dois, dois — e não um.
Em vez de esculpir corpos, em modo de estátua, esculpir o espaço entre eles. O terrível espaço vazio que sempre persiste entre dois amantes, entre dois irmãos, entre dois amigos, entre pai e filhos, entre mãe e filhos, um terrível espaço vazio de que talvez só a mãe, quando transporta consigo o feto, seja a magnífica excepção: dois, mãe e feto, sem qualquer espaço vazio ou de intervalo entre eles. Mas depois nascemos e ali estamos nós rodeados de vazio por todos os lados.
Estamos vivos e a ansiedade que vem da nostalgia: como conseguir de novo uma relação sem espaço vazio? Sem esse intervalo cínico, espaço vazio ou invisível, mesmo que mínimo, que sussurra: vocês os dois, vocês os dois que se amam tanto não são um, não tenham essa ilusão.
Nas esculturas com silicone, o que ela queria, muitas vezes, era “trazer o invisível à superfície” ou “permitir que a ausência falasse”.
Uma das obras com mais impacto foi uma escultura do espaço de intervalo que existia entre duas pessoas que faziam amor. Nessa obra, chamada precisamente “Espaço entre Amantes”, ela “materializou um momento físico íntimo” de uma forma naturalista, sem qualquer pudor. Dois actores “estavam cobertos de silicone enquanto faziam sexo. Desta forma, o espaço intermédio”, o que ficou à volta ou entre os corpos, “foi visualizado esculturalmente” por via da forma, em silicone, que ficou no final do processo amoroso.
Uma espécie de investigação cínica feita através da escultura. A atenção dada a esse espaço mínimo que, apesar de tudo, ainda existe, até na situação mais íntima. Esse intervalo entre dois corpos, esse vazio ficou depois como escultura em silicone e ali permaneceu materializado e exposto, mostrando como dois corpos serão sempre dois, dois, dois — e não um.
Em vez de esculpir corpos, em modo de estátua, esculpir o espaço entre eles. O terrível espaço vazio que sempre persiste entre dois amantes, entre dois irmãos, entre dois amigos, entre pai e filhos, entre mãe e filhos, um terrível espaço vazio de que talvez só a mãe, quando transporta consigo o feto, seja a magnífica excepção: dois, mãe e feto, sem qualquer espaço vazio ou de intervalo entre eles. Mas depois nascemos e ali estamos nós rodeados de vazio por todos os lados.
Estamos vivos e a ansiedade que vem da nostalgia: como conseguir de novo uma relação sem espaço vazio? Sem esse intervalo cínico, espaço vazio ou invisível, mesmo que mínimo, que sussurra: vocês os dois, vocês os dois que se amam tanto não são um, não tenham essa ilusão.
Gonçalo M. Tavares, «Os grupos, a falta de delicadeza, o vazio», Expresso, 12/05/2023
Asta Gröting, Space between lovers / Unfolded
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