1.6.23

Que ciência, alumiação

Correm com braços e cabelo, com a luz que espancam,
com ar e ouro. 
Correm como se movessem água.
Que inspiração e obra nos laboratórios do mundo.
Todas metidas no vento.
Tão leves que metem medo.
E esplendem os ramais da água apoiada à noite,
esplendem, invadem
a casa. E as crianças pensam de sala para sala envoltas nela.
Até que as embebeda o sono
encharcado nessa água
poderosa. E então a água fica de olhos fechados,
negra negra
negra.

Herberto Helder, A última ciência

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