25.7.22

Falar, ouvir

Tratas as palavras que dizes como se fossem passageiros de primeira classe e tu um empregado servil e, face às palavras dos outros, comportas-te como se elas fossem o empregado servil e tu o passageiro que viaja em primeira classe.

Gonçalo M. Tavares, Breves notas sobre o medo

Sobre não pensar no que se diz; ser servil da necessidade de ser ouvido, de receber a atenção exterior. A velocidade como garantia prévia e estranha de eficácia; porém, é fuga e, quem sabe, abrigo. Falar como pura emissão, sem pensamento.

Como correlato do que digo mas não penso, nada recebo verdadeiramente, o que sei está certo e parado. No fundo, é assim que se julga que se é forte, mutilando a potência de se ser afetado.

Ser intolerante: não pensar, nem ouvir. Indisponibilidade para devir, ausência de porosidade. 


Sem comentários:

Enviar um comentário