23.9.19

Musiquinha

usar palavras sem nenhum sentido apenas um outro sentido quando não existe mais nada o falso sentido humano isto é a beleza melhor o kitsch coisa de sons bonitos e ar de profundidade um certo sentido que é efeito de beleza do que sei lá qualquer coisa com mínimo de sentido ou seja qualquer coisa abjecta como a indiferença uma aparência de qualquer coisa que é mentira uma aparência que é falsa por simular uma profundidade não por ser aparência mas por indiciar qualquer coisa que não está lá lá apenas está a repetição inócua do mesmo cheio o espaço com o sentido simulado um sem-sentido disfarçado de qualquer coisa talvez seja isso a grandeza talvez seja esse delírio de palavras talvez seja isso o humano o ponto onde começamos a sentir nojo a alguns nem sequer a mentira salva alguns são devorados pelo vazio e já está não à mentira a insídia do vazio é tudo não lhes sobra força para manipular enganar encher o peito de coisa nenhuma ficam parados diante de tanto vazio a outros não lhes chega o vazio se não puderem atirá-lo para cima dos outros vendê-lo enriquecer alardeá-lo no fundo é isso ter força para enganar ou então sucumbir à impossibilidade do verdadeiro e do previsível antes o esgoto que isso antes o homem que se sente tão mal que o homem que está tão mal no fundo retira-se os sons bonitos e muitos homens são todos iguais um esburgar em torno do não-sentido e talvez retires o comércio a mentira da profundidade a certos homens e o que lhes sobraria seria o mesmo que a tantos outros o comboio a ponte o prédio alto ou então claro o esforço de criar sentido a síntese o insosso o desejo

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