COMO EU VOS VEJO
Aqueles que me vêem chegar.
Também eu os vejo chegar.
Um dia o frio falará,
O frio ao empurrar a porta mostrará o Nada.
E então, meus gozões?
Pequenos cobardolas que ainda se pavoneiam.
Inchados pela voz dos outros e pelos pulmões da época, vejo
o rebanho inteiro coberto com a mesma forra.
Trabalhais? A palmeira também agita os braços.
E vós guerreiros, soldados de bom coração, benevolentes vendidos.
A vossa bela causa é mesquinha. Ela congelará nos corredores da história.
Ah! como terá frio!
Vejo-vos num tabuleiro, eu, que curioso!
Também vejo o Cristo — porque não? —
como ele era há cerca de 1940 anos.
A sua beleza já a desaparecer, a cara corroída pelos beijos dos futuros cristãos.
Então, o negócio ainda rende, a venda de bilhetes para
o outro lado?
Vamos lá, até breve a todos, não tenho senão um pé no elevador.
Adios!
Henri Michaux
1934
Tradução: Ricardo Norte
Aqueles que me vêem chegar.
Também eu os vejo chegar.
Um dia o frio falará,
O frio ao empurrar a porta mostrará o Nada.
E então, meus gozões?
Pequenos cobardolas que ainda se pavoneiam.
Inchados pela voz dos outros e pelos pulmões da época, vejo
o rebanho inteiro coberto com a mesma forra.
Trabalhais? A palmeira também agita os braços.
E vós guerreiros, soldados de bom coração, benevolentes vendidos.
A vossa bela causa é mesquinha. Ela congelará nos corredores da história.
Ah! como terá frio!
Vejo-vos num tabuleiro, eu, que curioso!
Também vejo o Cristo — porque não? —
como ele era há cerca de 1940 anos.
A sua beleza já a desaparecer, a cara corroída pelos beijos dos futuros cristãos.
Então, o negócio ainda rende, a venda de bilhetes para
o outro lado?
Vamos lá, até breve a todos, não tenho senão um pé no elevador.
Adios!
Henri Michaux
1934
Tradução: Ricardo Norte
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