26.8.18

Quando se lê Herberto como quem lê Mário-Henrique

No gracioso ano de 1951, fomos todos ver um Académica-Benfica, em Coimbra. Éramos um grupo que se tinha vindo a preparar desde muito cedo, com copos de tinto e pasteizinhos de bacalhau. Foi uma boa preparação, porque, quando chegámos lá, estávamos prontos para uma quantidade de coisas. Para gritar, por exemplo. Começámos a gritar. De repente, alguém achou que era necessário as pessoas darem porrada umas nas outras. E então demos porradas umas nas outras. Depois, acabou. Nunca mais fui ao futebol. Tinha sido divertido de mais, e eu receava dedicar o resto da minha vida às fascinações do tinto, do grito e da batatada no meio da cabeça.

Herberto Helder, em minúsculas, “Um passeio no campo”


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