24.6.18

Onde se lê Manuel de Freitas deve ler-se António Maria Lisboa

RECUSA
I
É muito possível durante os primeiros meses
uma importante viagem à Ásia — essa
é uma das consequências
secretas
em que não se tomaram quaisquer resoluções finais
e ambas chegaram igualmente.
II
ainda um cu marinho de agonia onde eu
sou um copo de aguardente francesa e tu
uma gaivota que passa rente ao barco que me leva
III
— Eu sou uma coisa qualquer
Eu sou uma qualquer coisa
sou uma qualquer coisa eu
uma qualquer coisa eu sou
qualquer coisa eu sou uma
coisa eu sou uma qualquer
EU NÃO SOU UMA COISA QUALQUER
— eu sou uma cidade
— eu sou ZANONI de Bulwer Lyton
— eu sou uma errata
— onde está a minha vida deve-se ver a nossa vida
— onde está Deus deve-se ver o Diabo
— onde está o Amor deve estar o Grande Amor 
Mágico Amor Meu
— onde estou Eu deves estar Tu
— onde estão os lábios da nossa vida HÁ 
uma porta secreta minúscula
O-AMOR
MEU AMOR

António Maria Lisboa

ERRATA

Onde se lê deus deve ler-se morte.
Onde se lê poesia deve ler-se nada.
Onde se lê literatura deve ler-se o quê?
Onde se lê eu deve ler-se morte.

Onde se lê amor deve ler-se Inês.
Onde se lê gato deve ler-se Barnabé.
Onde se lê amizade deve ler-se amizade.

Onde se lê taberna deve ler-se salvação.
Onde se lê taberna deve ler-se perdição.
Onde se lê mundo deve ler-se tirem-me daqui.
Onde se lê Manuel de Freitas deve ser com certeza um sítio mundo triste.

Manuel de Freitas


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