Um dia, tendo fechado uma porta atrás de si, o viajante deteve-se e chorou. Depois disse: «Esta necessidade de verdadeiro, esta sede do real, do certo, este ódio pela aparência... Ah! Como lhes quero mal! Porque é que terei sempre atrás de mim estes perseguidores sombrios e apaixonados? Porquê eu? Aspiro ao repouso, eles não mo consentem. Quantas coisas me exortam, tentadoras, a que me detenha! Encontro por toda a parte jardins de Armida: novos temas de sofrimento, novos temas de amarguras sem fim! É necessário voltar a partir, fazer avançar este pé cansado, este pé ferido; e porque é necessário, volto-me muitas vezes para lançar um olhar feroz para as belas coisas que não me souberam reter... porque não me souberam reter!»
Nietzsche, A gaia ciência
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