21.3.16



É quando amas que descobres o teu corpo. Não apenas em alguns detalhes, alguns movimentos que desconhecias, limites onde não sabias sentir. É quando amas que descobres que tens corpo, descobres que és um corpo. Se, amando alguém, conseguires olhar em volta (nem sempre é fácil), constatarás como tantos caluniam o seu corpo. E não porque não façam exercício, sejam gordos ou demasiado magros. O corpo não é exactamente isso, medidas ideais, certas e belas. O corpo é o teu desejo, a alegria com que tocas o mundo (se tiveres saúde e a sorte de não ter que responder, logo que acordas, ao ruído brutal do teu estômago, coisa que acontece vezes demais). Alegria tão grande e ingénua que transborda em violência contra ti e contra o Outro, uma ternura por demais sedenta, como aquela que a criança tem pelo alimento que devora rapidamente. É preciso mudar a vida (ou, pelo menos, era).



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