[Fot. Sergei Loznitsa, «No nevoeiro»]
«Vista de fora, em nenhuma acção humana existe nada que possa ser chamado inequivocamente ético.» (Fernando Savater) A ética é invisível, portanto. Como se um nevoeiro no-la obnubilasse. Este filme retrata os equívocos que o que não se vê motiva. Só a esfera moral é julgada a partir de fora. Por esta razão o acto ético é tido por interessado, porque obsceno (fora de cena). Funda-se invisivelmente, cresce longe para dentro, e de fora só com uma cegueira muito grande se o pode aceitar. Talvez tragicamente só com a cegueira do morto. O movimento da tragédia clássica, a propósito, parece-me ser um pouco este: aquilo que a princípio se afigura incompreensivelmente ético revela-se o mais profundamente moral. Pense-se, por exemplo, em Antígona.
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