10.8.13

A vida é um carrossel




Por o outro nos inspirar horror não quer dizer que tenhamos visto o que está por detrás da máscara. Não somos filhos de Álvaro de Campos, somos todos Álvaro de Campos. Não há uma essência, autenticidade, nem máscara sequer. Encontramo-nos uns aos outros, muitas vezes aos solavancos; o sol entretanto esvai-se, o Esteves recoloca os taipais na tabacaria. Circularidade estocástica. Desconhecemo-nos profundamente. A coincidência do que somos com palavras ou outros signos é fugaz, porventura ilusória. Ainda assim, tentamo-la, porque é essa a nossa tarefa. Incompleta, pejada de erros. Humana. Não habitamos uma floresta, antes um deserto noturno de signos, que se refletem e desfazem uns aos outros.



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