O conjuntivo mostra-nos a distância entre as palavras e as coisas. É a nossa consciência que se interpõe entre as palavras e o mundo, como dizia Manuel António Pina. Os nossos desejos, os mundos que vamos delineando sem alguma certeza. Se eu soubesse. Não sabia, vivi sem sabê-lo. Agora sei-o. É um saber que não posso mobilizar, passadas as circunstâncias que o originaram. Mas o ponto parece-me ainda outro. Sei algo que me poderia ter levado a agir doutra forma. No entanto, nem por isso as faria diferentemente, não abdicaria da volúpia de cair. Isto é, trata-se de uma canção à finitude, onde o contra-factual não se enuncia com desespero, antes com uma doçura levemente, tão-só levemente, melancólica.
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