7.6.12

Na morte de Ray Bradbury

Como diz Sloterdijk, o homem é o primeiro medium, antes de certos dispositivos tecnológicos transmitirem informação com a eficiência que se lhes reconhece. O homem é, ainda assim, ele próprio o mais significativo transmissor de mensagens. O filme de Truffaut e o livro de Bradbury parecem dizer-nos ainda que o consumo de imagens é hegemónico, quem lê é marginal. Com esta omnipresença (ia dizer intrusão, mas parece-me já injustificado) das imagens resta muito pouco à imaginação. E, também, ao pensamento, pois a imagem é totalitária, impõe-se, raramente convoca quem se confronta com ela a completar-lhe o sentido. Isto é, há menos participação do espectador na interpretação de imagens do que há na interpretação de palavras. O que me inebria mesmo é o entendimento literal de firemen (os quais estão ao serviço de um pensar monológico, contra multiplicidades).


[O filme pode ser visto aqui]

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