19.12.11

Do melhor de 2011

Na música, nada encantará mais do que a forma decantada, cada nota no seu lugar. Metronomy prende-me essencialmente por isso, pelo rigor compositivo. Lava os ouvidos, como, dizia Mizoguchi, o cinema lavaria os olhos. 
E parto da música para outra coisa. Para a inutilidade dos essencialismos. Somos seres de cultura que herdaram biologia. Uma e outra explicarão as coisas que pudermos compreender, mas nenhuma nos explicará tudo. Não creio ser a cultura a explicar-nos porque andaremos fatalmente aos círculos na mesma cidade. Não será - sempre? - o pouco gosto pelo risco, pelo imprevisível, típica de uma mentalidade atávica. Ficar perto dos seus é o mais natural. Quando a luta pela sobrevivência se impõe, as pessoas ficam propensas a emigrar, a arriscar. Isto é, a motivação biológica tem um peso significativo. Em suma, é condição humana, não é distintivo do ser português.


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