Nelson Mandela, 1918-2013
Como vê-lo?
Eu vejo-o como Antígona: um corpo sólido que não recua. Não só na luta contra o racismo, como na luta contra o ódio em geral. Respeitou, intransigentemente, o outro - caminho para a negociação, chave na transição para a democracia. Manteve-se impermeável ao grassar de radicalismos, foi uma figura austera, não cedendo a pequenos ódios nem a impulsos individualistas; uma figura representativa do ideal clássico de moral. E como tal, não partia do princípio de que o outro é um ser imoral. Assim se constrói a liberdade: deixa-se um espaço vazio entre nós, não preenchido com os nossos constructos do outro, defronte da alteridade imprevisível do outro - aos poucos, aprendemos a conhecê-la. Desaparecida esta força imóvel, Nelson Mandela, sobrará alguma inquietude aos seus conterrâneos, e também aos seus contemporâneas, a resultante do confronto com o vazio da liberdade.
Apesar da sede de referências, essa nostalgia do absoluto, outras existem. E a luta pela justiça é por natureza incompleta.
Continuirá, assim, indefinidamente.
Continuirá, assim, indefinidamente.
Sem comentários:
Enviar um comentário