6.12.13

Nelson Mandela


Nelson Mandela, 1918-2013



Como vê-lo?

Eu vejo-o como Antígona: um corpo sólido que não recua. Não só na luta contra o racismo, como na luta contra o ódio em geral. Respeitou, intransigentemente, o outro - caminho para a negociação, chave na transição para a democracia. Manteve-se impermeável ao grassar de radicalismos, foi uma figura austera, não cedendo a pequenos ódios nem a impulsos individualistas; uma figura representativa do ideal clássico de moral. E como tal, não partia do princípio de que o outro é um ser imoral. Assim se constrói a liberdade: deixa-se um espaço vazio entre nós, não preenchido com os nossos constructos do outro, defronte da alteridade imprevisível do outro - aos poucos, aprendemos a conhecê-la. Desaparecida esta força imóvel, Nelson Mandela, sobrará alguma inquietude aos seus conterrâneos, e também aos seus contemporâneas, a resultante do confronto com o vazio da liberdade.

Apesar da sede de referências, essa nostalgia do absoluto, outras existem. E a luta pela justiça é por natureza incompleta.

Continuirá, assim, indefinidamente.



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