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O encanto do livro está, como acontece com todos os grandes livros, na simplicidade. Histórias curtas que nos ensinam a prestar atenção às pequenas coisas, a restituir dignidade ao que nos rodeia, às pessoas e aos objectos. Sem colocarem de lado um pendor moralizante, apanágio da literatura infanto-juvenil, mostram como apenas acedemos ao brilho das coisas se colocarmos a nossa lente tecnológica/utilitária de parte. Ao mesmo tempo diz-nos que a nossa dependência do que nos parece imprescindível não é real: é a renúncia ao mundo que nos apazigua. Parar e renunciar contêm a paz que queremos (a pulsão de morte freudiana teria aqui uma palavra a dizer).
O jogo com o inverosímil diz-nos simplesmente que o maravilhoso pode existir, se o quisermos. E essa irrupção do maravilhoso, que acontece nas personagens em maior desespero ou fora da ordem simbólica, é a derradeira hipótese que possuímos de transcendência.
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